Notas frias representam um risco significativo e crescente para empresas de todos os portes no Brasil. Mesmo empresas idôneas, que cumprem rigorosamente suas obrigações tributárias, podem ser surpreendidas por notas frias emitidas por terceiros de forma indevida. A emissão de notas frias sem respaldo em uma operação comercial real pode gerar glosa de créditos, multas significativas e abertura de fiscalizações mais severas por parte da Receita Federal.
Um exemplo da gravidade desse problema foi divulgado recentemente: segundo apuração do Ministério Público Estadual do Mato Grosso, uma investigação revelou a emissão de notas frias com prejuízo estimado em R$ 1,4 bilhão aos cofres públicos, envolvendo empresas que sequer tinham conhecimento da fraude ou que foram usadas como fachada para simulações de operações tributárias indevidas.
Neste artigo, você vai entender com clareza o que são notas frias, como elas afetam diretamente sua empresa mesmo sem má-fé, e o que pode ser feito — na prática — para se proteger e evitar prejuízos. A responsabilidade fiscal vai além da emissão: começa também com o controle de tudo o que é recebido.
O que são notas frias?
Notas frias são documentos fiscais emitidos sem que exista uma transação real de compra ou venda de bens ou serviços. Em outras palavras, são notas fiscais eletrônicas (NF-e) que registram operações inexistentes — e que podem ser usadas de forma fraudulenta para sonegação de tributos, geração indevida de créditos fiscais ou encobrimento de atividades ilícitas.
A emissão de notas frias pode ocorrer de forma deliberada por empresas que integram esquemas de evasão fiscal, mas o risco real é que qualquer CNPJ pode ser utilizado como destinatário dessas notas, mesmo sem envolvimento direto na fraude. Nestes casos, a empresa “vítima” pode sofrer com a glosa de créditos, multas administrativas e até responder por crime tributário, caso não consiga comprovar que a operação nunca ocorreu.
As motivações mais comuns para a emissão de notas frias incluem:
- Criação artificial de despesas para reduzir o lucro tributável;
- Aproveitamento indevido de créditos de ICMS, PIS e COFINS;
- Lavagem de dinheiro, camuflando operações de origem ilícita;
- Fraudes interestaduais, aproveitando benefícios fiscais inexistentes.
Além disso, notas frias podem envolver situações como:
- Emissão por empresas inativas ou de fachada;
- Valores inflados sem correspondência com o serviço/prestação real;
- Documentos gerados sem autorização da Sefaz (nota fiscal “não autorizada”).
Receber uma nota fria pode parecer inofensivo — mas a omissão de conferência e contestação desse documento pode gerar problemas gravíssimos. Por isso, a verificação ativa e automatizada do que está sendo emitido contra o CNPJ é uma medida fundamental de proteção.
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Por que devo me preocupar com notas frias se não sou fraudador?

Muitas empresas acreditam que notas frias só representam um risco para quem as emite — mas essa é uma falsa sensação de segurança. A simples emissão de uma nota fiscal contra o seu CNPJ, mesmo sem que sua empresa tenha participado da operação, pode gerar passivos, obrigatoriedade de escrituração e problemas sérios com o Fisco.
A razão é simples: o sistema fiscal brasileiro trabalha com cruzamento de dados eletrônicos. Quando uma nota é registrada na SEFAZ com seu CNPJ como destinatário, presume-se que houve uma operação legítima. Sem uma checagem ativa, você pode acabar sendo autuado por não escriturar uma nota que nunca existiu de fato no seu processo operacional.
E engana-se quem pensa que isso é raro.
Exemplo real: A Receita Federal identificou um esquema de fraude com notas frias no Espírito Santo, envolvendo mais de 130 empresas fictícias. O grupo simulava operações comerciais que nunca ocorreram, com o objetivo de sonegar impostos. O valor das notas frias ultrapassou R$ 550 milhões, gerando um prejuízo de R$ 150 milhões aos cofres públicos.
Entre as envolvidas estavam empresas reais — vítimas que tiveram seus CNPJs usados indevidamente, passando a ser investigadas por crimes fiscais sem sequer saberem da emissão dos documentos.
As consequências de não identificar uma nota fria a tempo podem incluir:
- Multas por omissão ou escrituração indevida;
- Glosa de créditos de ICMS, PIS ou COFINS;
- Exclusão de regimes tributários como o Simples Nacional;
- Suspensão do CNPJ e bloqueios bancários;
- Perda de benefícios fiscais e credibilidade no mercado.
Notas frias não são apenas um problema de quem frauda — são um risco para qualquer empresa que não monitora os documentos fiscais recebidos. A prevenção é o único caminho seguro.
Como identificar uma nota fiscal fria e o que fazer caso a identifique?
Mesmo empresas com processos bem estruturados podem ser surpreendidas por notas frias. Por isso, a identificação rápida é essencial para evitar implicações fiscais indevidas. Ao receber um novo documento fiscal, especialmente quando ele é emitido automaticamente contra o seu CNPJ, verifique atentamente os detalhes do documento antes de registrar ou escriturar.
Aqui está um checklist prático para identificar possíveis notas frias:
- Emitente desconhecido: o CNPJ que emitiu a nota não é um fornecedor com o qual sua empresa mantém relação comercial.
- Descrição dos produtos ou serviços incompatível com qualquer compra ou contratação.
- Valores fora do padrão de mercado ou discrepantes em relação aos insumos utilizados pela sua empresa.
- Data da emissão não condizente com nenhuma operação interna.
- Entrega de mercadoria não realizada, mesmo com nota emitida.
- Chave de acesso inválida ou com divergências ao consultá-la no Portal da NF-e.
- NF-e com status de “autorizada”, mas sem qualquer lastro operacional — o que pode indicar tentativa de simulação de operação.
Ao identificar uma nota fria, siga estes passos imediatamente
- Acesse o Portal Nacional da NF-e (https://www.nfe.fazenda.gov.br) e utilize o recurso de Manifestação do Destinatário. Nele, selecione a opção “Desconhecimento da operação”.
- Registre um boletim de ocorrência (BO), especialmente em casos recorrentes ou quando há suspeita de fraude estruturada.
- Comunique a SEFAZ estadual, sinalizando a emissão irregular. Em alguns estados, é possível fazer isso via ouvidoria fiscal ou e-mail institucional da Receita Estadual.
- Consulte a situação cadastral do emissor no site da Receita Federal para verificar se o CNPJ está ativo e autorizado a emitir documentos fiscais.
- Evite escriturar ou considerar créditos fiscais vinculados a documentos com suspeita de fraude, pois isso pode gerar autuações por aproveitamento indevido de crédito.
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